Boi de canga
O boi de canga que, cortando areia,
arrasta, sem cessar, a própria vida,
cumprindo o seu destino e a sua lida
gemendo pela estrada, que volteia;
o sangue vai fervendo em sua veia,
a sua dor profunda é desvalida,
roçando vai, a canga, na ferida,
no caminho, que o rio, além, ladeia.
Escravo, sem saída, sofre e chora,
ferindo, a dura canga, o seu pescoço
e nada vendo além das vis viseiras.
E na subida, a dor seu ser devora,
mas gemendo, fazendo grande esforço,
vai vencendo as mais íngremes ladeiras.
Cuiabá, 16 de Outubro de 2009.
Sonetos Diversos, pg. 94
Cantos de Resistência, pg.66
Sonetos selecionados, pg. 34
O boi de canga que, cortando areia,
arrasta, sem cessar, a própria vida,
cumprindo o seu destino e a sua lida
gemendo pela estrada, que volteia;
o sangue vai fervendo em sua veia,
a sua dor profunda é desvalida,
roçando vai, a canga, na ferida,
no caminho, que o rio, além, ladeia.
Escravo, sem saída, sofre e chora,
ferindo, a dura canga, o seu pescoço
e nada vendo além das vis viseiras.
E na subida, a dor seu ser devora,
mas gemendo, fazendo grande esforço,
vai vencendo as mais íngremes ladeiras.
Cuiabá, 16 de Outubro de 2009.
Sonetos Diversos, pg. 94
Cantos de Resistência, pg.66
Sonetos selecionados, pg. 34