MEDO
Eu tenho medo de não sentir medo,
Medo de ser perverso e má pessoa,
De ser leviano e de ofender à-toa
A quem amo e a conservo em tal segredo.
Tenho bastante medo, sim senhor,
De não saldar as dívidas que tenho,
De quebrar a palavra que eu empenho,
Medo de desgostar o meu amor.
Medo de ser vaidoso e violento,
Medo da falsidade e do desprezo
Medo que me atormenta e faz surpreso,
Medo de não ter mais merecimento.
Depois deste soneto, tenho medo!
Que esta Ciranda seja de brinquedo!