Tela: Augusto Amaral

Nau perdida
 
O tempo eu vou singrando, e como nau perdida
em mar demais revolto, em meio a tantas brumas,
buscando mais além, por entre mil espumas,
o que restou de mim, dos sonhos d’uma vida;
 
do tempo, o denso véu esgarça, nessa lida,
e a ti eu vejo, então, mas logo tu esfumas,
sumindo pelo ar, flutuante como plumas,
e assim revivo a dor, que nunca foi cerzida.
 
Nas brumas fico ao léu, como se fora nau
sem norte, sem lugar, sem nada e sem ninguém,
e volto a te buscar, refém de meu passado.
 
Teimando, pelo mar, eu vou buscando vau,
para buscar por ti, na praia e mais além,
mas nada encontro, enfim, nas brumas, só, eu vago.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 16/10/2009
Reeditado em 11/01/2013
Código do texto: T1869501
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