Posseiro
 
O seu posseiro abraço, que me enlaça,
e que meu corpo logo invade inteiro,
acende em mim, depressa, tal braseiro,
que tudo em volta vira só fumaça.
 
Eu olho em torno e fico bem sem graça,
mas desse jeito seu, moleque e arteiro,
não se contenta em ser, de mim, meeiro,
por mais que mil ofertas eu lhe faça.
 
De tudo toma conta, sem detença,
como se fora, o meu pudor, besteira,
quebrando os nós de minhas vãs correntes.
 
E vai meu chão lavrando, sem licença,
e vai fincando esteios de aroeira,
a mim cercando com seus beijos quentes.
                
Cuiabá, 15 de Outubro de 2009.

PURA CHAMA, pág. 40
Sonetos selecionados, pg. 57
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 15/10/2009
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T1866791
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.