AMIGA

AMIGA (Edson Moraes)

I

Amiga a quem busco cedo ou tarde

Na lembrança de um coração que arde

A crepitar de dor, de malquerer

Que ao riso do herói, ao choro do covarde

Se apressa ao meu encontro, e sem alarde

Me ensina a dor que dói - e sem doer

II

Amiga, que do naufrágio me arrebata

E me ameniza as feridas da chibata

Curando-me as angústias desta vida

Que ao meu riso de energias se dilata

Quase morrendo, minha saudade mata

A se lembrar de mim, compadecida

III

Amiga, assim me foste: generosa

E a cada temporal tão prestimosa

Que essa tristeza, eu juro, não sabia

Coisa de quem d´um pranto faz a prosa

E com o gozo de outrem é que goza

Dando, dando, dando amor em romaria

IV

Amiga, que ao celebrar esta amizade

Dourou todos os vãos da minha grade

E pôs o sol a amanhecer comigo

E foi de tanto esparramar felicidade

De se doar em infinita quantidade

Que agora estás abandonada, ao desabrigo

V

Amiga, do que eu tenho teu é tudo

Um verso simples, a flor, o peito mudo

Quem sabe um riso, a lágrima encardida

E sendo assim o que de mim posso arrancar

Cabe nas mãos, no coração, no próprio olhar

É o que te dou: a minha própria vida!

edson moraes
Enviado por edson moraes em 14/10/2009
Código do texto: T1865466
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