FÚRIA
FÚRIA (Edson Moraes)
I
Tremo ante a fúria dos teus lábios febris
Caçando sequiosos o meu corpo suarento
Para, de todos, ser um só este momento
Ao prazer despudorado de dois entes tão servis
II
É na planície de lençóis, interminável
Na languidez das criaturas que serpeiam
Que o rito da entrega incontrolável
Faz em um só os dois corpos que se enleiam
III
E eu me deixo tragar por esse enredo
Amante mouco, apesar do passaredo
E dos candentes apelos de Morfeu
Nem sinto o sol que em lâmina ardente
Invade o quarto, loquaz, impertinente
A me avisar que acabou – amanheceu!