Coágulo Virando Soneto
Escrevo nas páginas úmidas de um livro
E a minha tinta é o sangue mais vermelho
Gosto de escrever pelos momentos que vivo
E contemplo o coágulo secando no relho
Os meus patrimônios são grãos de farinha
Costumo escrever mais do que costumo falar
E a minha voz é aquela que gela tua espinha
A voz que te chamará para em paz, descansar.
Em lúcidos sonhos, entrei como um alcatraz.
Descolava as costelas corroídas de Adão,
Para uma bagatela que me suga a paz.
Assim por diante, me desfiz do resto fútil
Morri pela fadiga e escrevi um livro a sangue.
Morri pela fadiga e escrevi um poema inútil.