MUTAÇÕES [CXXI]
Ante o teu ser, minha alma eletrizou-se.
De sempre triste, dei de amar o riso.
Sem casmurrice, abandonou-me o siso,
e a vida, amargo mar, fez-se mar doce.
Mas tu te foste... Então, um prejuízo,
a olhos nus, depois, explicitou-se:
meu rosto, pois, vestiu-se de agridoce,
faz tanto tempo, já, que nem preciso.
Ouvir-te a voz, de novo, pelo fio,
tem sido como dar-me ao sonho alento,
é qual tocar-te e ter-te em pensamento.
No entanto, a realidade – um desafio –,
nem sempre tão plausível, nos convence,
pois o amanhã a nós (e a Deus?) pertence.
Fort., 12/10/2009.