PENITENTE

Sou da solidão um parasita passivo,

deserdado do amor e que se compraz,

sem do coração a anuência falaz,

desse encosto fazer-se paciente ativo.

Estou ermitão, e de complexo mordaz,

a inferioridade me faz primitivo

limito-me à companhia dos com quem privo

laços de amizade que o acaso traz.

Mas no infinito estão escritos “bem-me-queres”,

(prognósticos do áugure) o almejo dos seres.

Ao fadário é temeroso se furtar!

E esse idioma universal do amor

engloba a solidão, a mística da dor

e a certeza que nunca é tarde para amar.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 12/10/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1861627
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