PENITENTE
Sou da solidão um parasita passivo,
deserdado do amor e que se compraz,
sem do coração a anuência falaz,
desse encosto fazer-se paciente ativo.
Estou ermitão, e de complexo mordaz,
a inferioridade me faz primitivo
limito-me à companhia dos com quem privo
laços de amizade que o acaso traz.
Mas no infinito estão escritos “bem-me-queres”,
(prognósticos do áugure) o almejo dos seres.
Ao fadário é temeroso se furtar!
E esse idioma universal do amor
engloba a solidão, a mística da dor
e a certeza que nunca é tarde para amar.