Satyria
Olhei-a uma única vez, e para minha surpresa
Disparou-me o coração, descompassado
Ardeu minha testa como uma vela acesa
Tal o susto que derrubei o vinho ao meu lado
Desviou o olhar, virou-se de indiferença
Aquela mulher de arisca natureza
Procurei em minhas atitudes alguma ofensa
Mas nada vi para motivar tal frieza
Contemplei ao longe, por um instante
O rosto pálido daquela jovem
E seu olhar profundamente inquietante
Hoje, dos desejos que me consomem
Um deles, talvez o mais constante
É saber o que aqueles olhos escondem