ADORMECIDO
Dorme, ó anjo de amor! No teu silêncio
O meu peito se afoga de ternura
E sinto que o porvir não vale um beijo
E o céu um teu suspiro de ventura!
[Álvares de Azevedo]
Sereno, ao calor da Cheia ele dormia...
Sobre alcova de rosas derramado.
Em sono respirava incenso e poesia...
No véu da noite, negro e perfumado.
Era um anjo do céu na bruma sombria
Pelo braço de Morpheu acalentado,
Que de sonhos s’afogava e se nutria...
Em nuvens d’algodão, o meu amado!
Muito belo! O corpo descansando...
Doce boca os lábios entreabrindo...
Formas másculas o leito revirando...
Não censures a mim, amante lindo!
Em ti – às escuras eu rio chorando,
Em ti – às claras eu choro sorrindo!