A minha dor
Restaurar meu peito deste amor escasso
como posso, se o ardor que ali me incendeia
fere-me, como se por dentro pontiagudo aço
rasgasse tudo em mim, cortasse a veia.
Quem vai mexer nesta ferida inda sangrada,
arrancar-me lá de dentro um grito agudo,
abrandar em mim esta dor tão encravada
e fazer com que eu mereça amor, antes de tudo.
Mas voltares a me amar, como me iludo!
Seria isso pra mim um sonho, um acalanto,
sinfonia repousante, anjo-amor de outras esferas.
Quando morrem meus enganos, vivo então meu pranto
e não encontro cura pra esta alma aflita;
deixa-me arder na minha fogueira de quimeras.