A minha dor

Restaurar meu peito deste amor escasso

como posso, se o ardor que ali me incendeia

fere-me, como se por dentro pontiagudo aço

rasgasse tudo em mim, cortasse a veia.

Quem vai mexer nesta ferida inda sangrada,

arrancar-me lá de dentro um grito agudo,

abrandar em mim esta dor tão encravada

e fazer com que eu mereça amor, antes de tudo.

Mas voltares a me amar, como me iludo!

Seria isso pra mim um sonho, um acalanto,

sinfonia repousante, anjo-amor de outras esferas.

Quando morrem meus enganos, vivo então meu pranto

e não encontro cura pra esta alma aflita;

deixa-me arder na minha fogueira de quimeras.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 30/06/2006
Reeditado em 30/06/2006
Código do texto: T185334