Relicário

Mar, queria ter a sorte tua,

correr pelos continentes,

ver onde se esconde a lua,

ser livre com as correntes.

Vem, mar, e te agrega na magia

das vagas; sê o primeiro encantado,

transforma esse sal, alquimia

das conchas abrindo um amor perolado.

Mar, tu, por quem suspiraste um dia,

não vês que as ondas não duram?

Rolam, por elas, o amor que chega cansado.

Mar, que só o teu sonho segreda,

no fundo do teu leito tens guardado

o pecado e a virtude, dois relicários de pedra.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 30/06/2006
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