HOJE, NÃO TEMOS MAIS CRIANÇAS NA RUA, MAS CRIANÇAS DE RUA.

Era noite. Domingo, sete horas.

De repente energia no bairro falta.

Posto-me à janela. A luz demora.

Daí a pouco escuto voz... Alta.

Nossas ruas não são como outrora. Hoje, com a violência em alta, ninguém fica mais lá fora. De repente, vem um bandido e nos assalta.

De criança escuto gritos. Há quanto?

Dou-me conta...Não as vejo na rua.

Com o grito, assusto-me, de espanto.

Veio-me à realidade nua e crua.

Hoje, vivem presas, perderam o encanto. Não podem ir livres, nem andarem nuas, pelos cantos.

Às ruas, não vão mais nossas belas crianças.

Triste, a luz da lua também logo recua.

Até ela leu as minhas lembranças.

Nas ruas, a violência tem pujança. Não são mais das crianças, nem minha, nem tua. Deixamos-lhes esta maldita herança.

Dali,há muito pouco, à luz da lua,

Contemplava as crianças a brincar...

Hoje, vítimas da internet. Na sua!!!

Que a cada dia mais se acentua. Triste fico a contemplar, no que se tornou a minha outrora bela rua. Já não temos mais crianças na rua, mas crianças de rua.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

OUTUBRO/2009.