Nasci poeta?!
Não sei se nasci de um acidente
ou meu nascimento o foi, sem retórica
Não sei se a poesia me é inconsequente
se jorra sem luta ou se dela virei parabólica
Nasci congestionada, represada
de emoções e sentires acachapantes
Que se não envaziar-me até o nada
sufocam-me os moinhos de Cervantes
Oh Deus me esfolastes a alma vil
assim que a luz me acendeu a vida,
fiquei contida como pólvora, num barril
Guardo palavras nas mãos calejadas
dores e alegrias que na alma sangram
vertendo pelos dedos rimas marteladas.