SONETO DE REVISITADA CULPA
A lágrima apontou e quis rolar,
quis limpar com seu líquido a sujeira
de minha incerta vida, que eu, inteira,
consegui, com os erros, só manchar...
Fracas as pernas, pus-me a ajoelhar
e chorei, mesmo após feita a besteira...
a falta que me pus a praticar
tanto a última doeu quanto a primeira...
Sábio, disse-me o tempo: — "pois esqueça!"
Agora, a dor está petrificada
(Ó culpa! Deixe-a assim! Não a amoleça!)
A única coisa que hoje eu lhe confesso
digo-lhe agora: ó culpa insana! A nada
serviu o seu insípido regresso!
19 de abril de 2003
(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)