SONETO DE MORTE CONTINUADA

Mais um dia se arrasta e, então, perece

e morre pra nascer e renascer,

renasce pra morrer e pra morrer,

até que, em um momento, desvanece...

Em dias que esta boca se emudece,

eu vivo o dia vendo-o esmorecer,

desfalecendo, vejo-o renascer,

sobrevivendo até que o ciclo cesse...

Cada dia se torna simples vulto

que se vai, que se vai, reaparece

como inimigo chato ou um insulto

E, numa dor que arranha o coração,

sem pudor ou remorso, me sepulto

nesta minha assassina solidão.

05 de janeiro de 2003

(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)

WANDERSON MENDES MACHADO
Enviado por WANDERSON MENDES MACHADO em 06/10/2009
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