Cemitério

Agarro o silêncio entre meus dedos

Só o balançar das folhas mortas pelo chão

Derramo minha angústia – meus segredos

Num anjo gélido com olhar de solidão

E eu que sou a mais triste das flores

A florescer lentamente em teu recanto

A desfalecer a finitude de amores

Que noutro tempo foram luz e acalanto

E eu que nesta vida sigo errante

Me encontro em cada lousa lapidada

Invejo este morto como o amante

Venera o amor de sua amada

A cada passo, um anseio já distante

E eu que neste mundo não sou nada

Josiane Lima
Enviado por Josiane Lima em 30/06/2006
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