Cemitério
Agarro o silêncio entre meus dedos
Só o balançar das folhas mortas pelo chão
Derramo minha angústia – meus segredos
Num anjo gélido com olhar de solidão
E eu que sou a mais triste das flores
A florescer lentamente em teu recanto
A desfalecer a finitude de amores
Que noutro tempo foram luz e acalanto
E eu que nesta vida sigo errante
Me encontro em cada lousa lapidada
Invejo este morto como o amante
Venera o amor de sua amada
A cada passo, um anseio já distante
E eu que neste mundo não sou nada