Plenitude
Edir Pina de Barros
Já não sou mais nascente que, ligeira,
correndo vai, cortando campos, matas,
a borbulhar, formando mil cascatas,
fogosa , transparente, tão faceira;
e serras já cortei na minha esteira,
vencendo tantas lutas e bravatas,
e agora minhas águas são pacatas,
com tracajás chocando em suas beiras.
As minhas águas são demais serenas,
depois de superar amargas penas,
de lágrimas rolando, a se escumar.
Assim é nossa vida, velho rio
que, após lutar, correr anos a fio,
tranquilamente perde-se no mar.
Cuiabá, 5 de Setembro de 2009.