Solidão (III)
Tu me deixaste só, no frio e triste leito
na colcha de cetim, macia, rubra e viva,
faminta me devora, a dor que rói meu peito,
porque bem sei que sou, do teu amor, cativa;
ferida e sempre só, silente assim me deito,
deixei de ser, também, fogosa amante ativa,
os secos beijos teus, o teu furtivo jeito,
não mata minha sede e do prazer me priva.
Calaste a Outra em mim! Pressinto que nem vistes
a chama que apagou, os beijos que não dei,
não sinto mais prazer, secaram minhas águas;
por entre os meus lençóis, em seus vazios tristes,
o pranto que secou, os versos que calei
e ver-te, assim, tão só, aumenta as minhas mágoas.
Edir Pina de Barros
Tu me deixaste só, no frio e triste leito
na colcha de cetim, macia, rubra e viva,
faminta me devora, a dor que rói meu peito,
porque bem sei que sou, do teu amor, cativa;
ferida e sempre só, silente assim me deito,
deixei de ser, também, fogosa amante ativa,
os secos beijos teus, o teu furtivo jeito,
não mata minha sede e do prazer me priva.
Calaste a Outra em mim! Pressinto que nem vistes
a chama que apagou, os beijos que não dei,
não sinto mais prazer, secaram minhas águas;
por entre os meus lençóis, em seus vazios tristes,
o pranto que secou, os versos que calei
e ver-te, assim, tão só, aumenta as minhas mágoas.
Edir Pina de Barros