A sombra de um eu lírico...

A minha sombra de poeta embriagado

Caminha torta sem saber para onde ir,

De vez em quando ela parece até sorrir,

Um riso mudo, amarelo e desbotado...

Ela se encosta, pra não ter mais que cair,

Num verso fixo de um soneto ultrapassado,

Depois tropeça, num haikai desesperado,

E segue a trilha como um verso a se exibir...

A minha sombra de poeta embrionário

Segue sem rumo a caminhar sobre o papel,

Tropeça aqui, tropeça ali, saí de cenário,

Olha pro sol, se deita nua sobre um véu...

- Ela me olha como o espelho de um armário

Depois me segue pelas rimas de um cordel...