MORTE E VIDA DONA GLORIA

I - Morte

Senhora dos cabelos alvos

Alvo da idade chegada

Ora se a vida não é fácil

A morte torna-se desejada

Compreendo seus apelos ao Senhor

Que tingiu o céu de azul celeste

Tu implorastes vida toda por amor

E em teu ponto de partida amor Vos deste

Saquei que sua tristeza é pragmática

Nem mesmo o blecaute dos neurônios cerebrais

Arrancam seu incrível dom com a matemática

Tu calculas muito bem as suas horas

E conheces e reconheces os vendavais

Que arrastam sua vida sem glória

II - Vida

Dona Gloria do banco da praça

Alimentava os pombos com pipoca

_O ínvisivel existe Dona Graça.

Todos passam, ninguém me nota.

Nota-se pelas rugas abaixo das olheiras

Que a vida lhe foi dura realmente

Orfã. Prostuiu-se e drogou-se, quando pequena

E por pouco não morrestes adolescente

Fostes mãe por acidente desgraçada

E a criança abandonada teve mais sorte

Encontrou uma família boa vida

Foi assim que sucedeu o fim da estória

Sedenta de amor. Em sua morte

Sua filha a encontrou e a deu um beijo de despedida

Fim

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 03/10/2009
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T1845782