MORTE E VIDA DONA GLORIA
I - Morte
Senhora dos cabelos alvos
Alvo da idade chegada
Ora se a vida não é fácil
A morte torna-se desejada
Compreendo seus apelos ao Senhor
Que tingiu o céu de azul celeste
Tu implorastes vida toda por amor
E em teu ponto de partida amor Vos deste
Saquei que sua tristeza é pragmática
Nem mesmo o blecaute dos neurônios cerebrais
Arrancam seu incrível dom com a matemática
Tu calculas muito bem as suas horas
E conheces e reconheces os vendavais
Que arrastam sua vida sem glória
II - Vida
Dona Gloria do banco da praça
Alimentava os pombos com pipoca
_O ínvisivel existe Dona Graça.
Todos passam, ninguém me nota.
Nota-se pelas rugas abaixo das olheiras
Que a vida lhe foi dura realmente
Orfã. Prostuiu-se e drogou-se, quando pequena
E por pouco não morrestes adolescente
Fostes mãe por acidente desgraçada
E a criança abandonada teve mais sorte
Encontrou uma família boa vida
Foi assim que sucedeu o fim da estória
Sedenta de amor. Em sua morte
Sua filha a encontrou e a deu um beijo de despedida
Fim