FUGA

Dessa realidade que de mim se avizinha
Me recuso a escrever estrofes de sonetos
Pois baila em torno de mim com tantos trejeitos
Que nem mesmo sei se conta uma história minha
 
Baila e sorri a debochar com crueldade
A me velar feito uma velha carpideira
Tal realidade não é minha companheira
Então preciso convencer-lhe da verdade
 
Que foram tantas horas do passar do dia
Que já levaram embora essa minha agonia
E que o seu bailado triste chegou tão tarde
 
Que construí uma nova e sã realidade
E nela não existe espaço pra verdade
Nela só dança e canta a minha fantasia.