AZULANDO A VIDA
"Eu não sei se vem de Deus
do céu ficar azul
ou virá dos olhos teus
essa cor que azuleja o dia?"
(Djavan, Azul)
Céus! Mas que estranho olhar, porque, azulando,
nele me perco! Tão perdido, o leio
e o calmo azul provoca, em mim, recreio
e, assim, prazer em prosseguir olhando...
Satisfazendo-me ora paro, quando
busca-me o azul — isso me traz receio,
porque a bela, de um sobrenome Bleil,
não sei com que olhos, Deus, me está fitando...
Mas a coragem me infla às vezes: fito
no fundo desse olhar de brilho incrível,
de uma meiguice que o faz mais bonito...
Queria o azul só se escorrendo no ar
e passeando em seu bailar sensível
p'ra eu desvendar-lhe o óbvio e secreto olhar...
23 de fevereiro de 2003
(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)