A GARRICHA E EU
Que labuta tens, meiga criatura,
No vaivém, num incansável dia
Alimentas com ternura a tua cria,
Não reclamas, não sentes amargura.
Vamos, vamos, outra vez ao ninho
Mordendo a presa ínfima e segura,
Mais outra viagem, e outra procura
Em busca de alimento pros filhinhos...
E eu, cá nesse alpendre te fitando,
Pensando em minha vida, e em ti pensando,
E vendo tua presteza e o teu amor,
Acabo por mim mesmo criticado.
E pelo passarinho ensinado
Que a vida não é só um mar de flor.