SONETO DE FIM DE OUTONO

                                     © Lílian Maial



Os ventos dos outonos são tristonhas

Cantigas, cujas notas fazem ninho

No peito do poeta passarinho,

Que voa junto às folhas enfadonhas.

 

Ousar desabrochar as sem-vergonhas,

Antecipadamente e sem espinho,

É como um jardineiro e seu ancinho,

Remodelando o amor com mãos risonhas.


 
A primavera ainda titubeia,      
                                     

Hesita entre o florir e o preservar,

Como a sentir saudade d’outro inverno.


 
Assim é o meu amor, que inda esperneia,

E insiste na paixão que o faz penar,

Enquanto, no meu peito, o sol hiberno.

 
***************