SONETO DE FIM DE OUTONO
© Lílian Maial
Os ventos dos outonos são tristonhas
Cantigas, cujas notas fazem ninho
No peito do poeta passarinho,
Que voa junto às folhas enfadonhas.
Ousar desabrochar as sem-vergonhas,
Antecipadamente e sem espinho,
É como um jardineiro e seu ancinho,
Remodelando o amor com mãos risonhas.
A primavera ainda titubeia,
Hesita entre o florir e o preservar,
Como a sentir saudade d’outro inverno.
Assim é o meu amor, que inda esperneia,
E insiste na paixão que o faz penar,
Enquanto, no meu peito, o sol hiberno.
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