SONETO EMPÍRICO
Não se conheceria a claridade
sem se ter descoberto a escuridão,
nossa vida seria enigma em vão
se não houvesse em nós curiosidade.
Nossa extinção seria a saciedade...
O homem não saberia sobre a amplidão
se não tivesse dado de verdade
passos anteriores sobre o chão.
O suave só há se houver o rijo,
não há quem valorize o regozijo
sem alguma vez ter sentido a dor.
Não há luz sem que o gênio se equivoque,
não há amor que choro não provoque
nem choro que não seque com o amor.
24 de abril de 2003
(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)