PAGUE A PAPELETA [CXII]
Pague da Santa Casa* a papeleta.
É tão pouco! No bolso, nem faz mossa.
Qual de nós, muitas vezes, não almoça,
mas bebe e farra, estroina na caneta?
Enquanto, pois, fazemos vista grossa,
enfermos levam vida do capeta,
à falta de um real, na papeleta,
e muito pela indiferença nossa.
Você, às vezes, m e u, até se excede,
e toma, à direção, mas sem medida,
tal como a lei do trânsito não pede.
Um dia vem atrás de novo dia...
Quem sabe quem irá ter salva a vida,
às mãos desse hospital, na cirurgia?
(Janeiro de 1996)
Fort., 28/09/2009.
(*) Não sei em outros Estados (e acredito
que haja Santas Casas em todas as capi -
tais brasileiras), mas a Santa Casa de Mi -
sericórdia de Fortaleza anda sempre de pi-
res na mão. O soneto supra eu o publiquei
no jornal O POVO, em 96, quando aquele
hospital - sobretudo de indigentes - viveu
talvez a maior pindaíba de sua história.