ROSA RUBENTE
Beijo os teus lábios que me dizem tudo
que tua boca cala e ouvir quisera
nessa noite em que nasce a primavera
em teu corpo virgíneo, de veludo.
Somos silêncio em nosso espaço mudo,
Em teu olhar o brilho se acelera
enquanto o gozo por nós dois espera
na nudez de teu ventre em mim desnudo.
Um desejo excitante nos aflora,
conquistamos a cruza do caminho
na busca do prazer que nos devora.
Em tua cama casta, sobre o linho,
uma rosa rubente se deflora
ante a consumação de meu carinho.
RUBRA ROSA
Descansas da lascívia dos instantes
em que nos produzimos com pujança.
Nem pareces a fêmea fúria dantes!
Teu corpo no meu corpo, enfim, descansa.
Arroubos abrasivos dos amantes,
calmando a alma, quando o corpo cansa!
Possessivos, nós dois fomos gigantes,
do sexo vibrando em cada dança.
Dormes, agora, sobre a rubra rosa,
os seios rijos de eriçada tez,
o ventre fulvo de dação dengosa.
Na ânsia de te amar mais uma vez,
peço à noite que seja rumorosa,
para vir despertar tua nudez.
ROSA SEM COR
A lua traz à trinca de uma telha
raios de prata, prateando o chão.
Sobre o lençol de linho do colchão,
uma rosa sem cor, antes vermelha.
A saudade comigo faz parelha.
O silêncio se acosta à solidão.
Nas sombras de meu quarto uma visão
sorri de mim, olhando-me de esguelha.
Por que sorri a virgem casta e pura,
se, neste quarto, em sombra mais escura,
a rosa de seu ventre deflorei?
Rosa sangrenta, agora uma figura
disforme, dessecante, sem pintura,
marcando a falta de quem tanto amei...
Odir, de passagem
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