RETORNO AO “RECANTO”
Sharik Letak


Como a ave que volta ao ninho antigo
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, olhou-me grave terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade
Minhas irmãs e minha mãe... O pranto

jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.”

(Visita à Casa Paterna – Luiz Guimarães)

-------------------------------------------------------------------------------------


Como a ave que volta ao ninho antigo
Depois de enfrentar um longo inverno”
Eis-me de volta ao lar, RECANTO terno,
Onde o Sonhador encontra abrigo.


Entrando vou e busco um ombro amigo
Um bom ouvinte, um coração fraterno,
A quem possa abrir o meu caderno
E os meu sonhos dividir consigo.


Entro na sala... sinto o doce encanto,
Vem emoção, E já me rola do pranto,
Ao toque do calor das amizades...


Eu quase como ouvir um belo canto.
E ao ver-me aqui de volta ao RECANTO
Eu sei porque que senti tanta saudade!