A MORTE DO POETA - II


O poeta sucumbe ao não escrito
ou pelo escrito que jamais foi lido.
E da revolta ele estrangula o grito,
satirizando o senso do sentido.

Melhor seria não dizer o dito,
sequer viver o que não foi vivido.
Maldita a mão do menestrel maldito
que trai su’alma versejando o olvido!

Por que não foi, em seu fadário, franco?
Por que em versos vagos se perdeu?
Por que não se trancou no primo tranco?

Mas persistiu no verso e mais sofreu.
Ante o lápis destinto e um papel branco,
o poeta que fui, enfim, morreu.

Odir, de passagem



oklima
Enviado por oklima em 25/09/2009
Código do texto: T1831429
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