SONETO DE UM AMOR POSSÍVEL

Eu te amo, eu te amo e, olha, não te amo pouco

e de um amor sem pretensão, discreto,

que assim, por fora, surge tão quieto,

mas que, por dentro, ruge como um louco.

Tanto gritar talvez o deixe rouco,

pairando lá no fundo puro afeto,

que, se não for em tempos bons desperto,

dormirá como em noite após sufoco.

Tal qual um cacto a afrontar deserto,

sem brilho algum, externamente olhado,

o meu amor, tão vivo quando aberto...

e, sem saber se é certo ou se é errado,

pode imortal nem ser, mas diz: avante!,

lutando até o derradeiro instante.

01 de janeiro de 2003

(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)

WANDERSON MENDES MACHADO
Enviado por WANDERSON MENDES MACHADO em 25/09/2009
Reeditado em 01/10/2009
Código do texto: T1831312
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