O ÚLTIMO SONETO A TI
Estou a rascunhar soneto a ti,
talvez o último... não! não! com certeza!,
pois já sinto uma ponta de tristeza
espinhar-me nas letras vãs aqui...
O último dos sonetos para ti,
porque antes te cantava eu a beleza
e fluíam palavras com destreza
para reproduzir o que senti...
Pois gosto do soneto que deleita,
do soneto que a ti faz satisfeita,
que enfuna nosso amor qual brisa, a vela
Cada verso p'ra ti é um perigo
e tento, e tento, e tento, e não consigo
escapar deste amor, porque me é cela!
2 de janeiro de 2003
(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)