DIÁLOGO ENTRE AMANTES
“OI.” “Vá logo ao assunto: o que ocorreu?”
“ALGO ESCONDES.” “Não tenho o que esconder...”
“NÃO? NOUTRA HORA, TEU OLHAR NÃO ME ESCONDEU.”
“Que dizes?” “SEI QUE TU ME AMAS!” “O quê?!”
“DIGA QUE ME AMAS! DIGA! OU TENS MEDO?”
“Nada temo!” “MENTIRA! POIS TU TEMES!”
“Não temo!” “ENTÃO, DIGA POR QUE TREMES
SÓ DE OLHAR-ME! FARÁS DO AMOR SEGREDO?”
“Dizer ‘te amo’? Por que isso tu me clamas?”
“ORA! DIGA QUE ME AMAS!” “Não, não falo!”
“POR QUE NÃO SE TAMBÉM TE AMO?” “Me amas?”
“VAIS AINDA ESCONDER O TEU DESEJO?”
“Não, que não consigo mais camuflá-lo!
Ai, como eu te amo!” “VEM, ME DÁ TEU BEIJO!”
25 de abril de 2003
(MACHADO, Wanderson. Trôpegos passos. Brasília: ed. do autor, 2004. ISBN 85-98603-05-8)