DO FUNDO DO BAÚ (NATALINO)

DO FUNDO DO BAÚ

A saudade, o universo de lembranças,

vezes há que desperta afoita meninice

em fundo baú dormitando na velhice,

arrasta natais e atropela mudanças.

Não tem como não reviver a fagueirice;

os musgos colhidos no mato e as nuanças

do pinheirinho; o riso verde das crianças,

de ansiedade que da espera se vestisse.

Nem tão bucólica era a eterna cultura.

O viso do natal em sua estrutura

era a fé no Jesus Menino a consciência.

Hoje – saudade! – o que impera é a fantasia;

doido é o poder de barganha da alegoria,

nesta era corroída pela inconsistência.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 23/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1826116
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