CONSTATAÇÃO

Por que quando me ponho a sonhar
Minha vida vem e me chama à razão?
Crava fundo e forte meus pés no chão
Me acorda brusca, do meu torpe delirar!

Cruel, revira o meu avesso pra me ensinar
Delata-me do espelho o rosto sonhador
Revela-me a verdade de uma velha dor
Ao ver meu sonho partir e ter que acordar

Mestra impaciente em sua língua ferina
Faz-me cumprir essa minha triste sina
Castelo de sonhos eu sinto em mim ruir

Porque te chamei de volta eu não sei
Pois fizeste piada do amor que te dei
Eu devia, amor, ter te deixado partir!