CHICO LOUCO
Qual cusco sem dono, pés no chão e andarilho,
da sua tralha transportando o fardo imundo,
sem passado e sem nome, o pobre vira-mundo
venceu léguas, sem saber de quem foi filho.
De Espumoso a Carazinho, quiçá Passo Fundo,
dormia alhures, sem forro, na coxilha,
em meio às sesmarias que o rústico trilha.
O caminho é seu lar; sina - ser vagabundo.
Dia houve, porém, que o azar lhe foi propício,
pôs termo ao seu inconsciente suplício
- um carro mais apressado o atropelou -
Da estrada à beira, num ermo qualquer,
em tosca cruz de pau, sem pranto de mulher,
lê-se a inscrição: “Chico Louco” descansou.