Atriz
   
Se choro, meu amor, um dia fui feliz,
um pássaro no céu, voando pelo espaço,
jamais sofrendo dor, tristezas e cansaço,
ou carregar na tez, disfarce, pó, verniz;
 
se agora sofro assim e vivo por um triz,
outrora tive paz, entregue ao teu abraço,
a delirar de amor, alegre em  teu regaço,
porém restou em mim a dor, a cicatriz,
 
e os dias meus, de luz, tornaram-se medonhos;
existe, dentro em mim, um poço de fracassos,
de lágrimas sem fim, contidas por comportas:
 
a vida, grande mó, tritura nossos sonhos,
deixando em seu lugar os cacos, estilhaços,
que nos rosais do amor são borboletas mortas.
 
Cuiabá, 18 de Setembro de 2009.

Livro: Seivas d'alma, p.12

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/09/2009
Reeditado em 15/08/2020
Código do texto: T1817262
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