Horas mortas
São bem tristonhas essas horas mortas
perdidas entre a noite e o fim do dia,
em que parece estanque a vã sangria
do sol que vai e fecha suas portas;
lembranças de algum resto de alegria,
ou de tristeza, que nos rouba a calma,
melancolia lá, no imo d'alma,
que sente-se mais só, bem mais vazia.
E se beleza existe no arrebol,
ocorre, dentro em nós, algum desmonte,
e as aves não gorjeiam nessa altura;
de certa forma morre-se co'o sol
que, lento sangra e caí por trás do monte,
e dá lugar à noite longa e escura.
São bem tristonhas essas horas mortas
perdidas entre a noite e o fim do dia,
em que parece estanque a vã sangria
do sol que vai e fecha suas portas;
lembranças de algum resto de alegria,
ou de tristeza, que nos rouba a calma,
melancolia lá, no imo d'alma,
que sente-se mais só, bem mais vazia.
E se beleza existe no arrebol,
ocorre, dentro em nós, algum desmonte,
e as aves não gorjeiam nessa altura;
de certa forma morre-se co'o sol
que, lento sangra e caí por trás do monte,
e dá lugar à noite longa e escura.