O morto-vivo
O morto-vivo
Tão amargo sinto o pensamento,
Vencido de lutar e enervado!
Sem ter pernas ando desalentado,
Sem olhos vejo o meu falecimento!
Inútil de contenta um só momento,
Morto em vida estou suplicando o Fado,
Mas parece que Ele não tem escutado
Meus inúmeros rogos no tormento!
Parece-me que Ele não tem pejo
Desta alma em ruínas retardando
E na desesperação padecendo...
Grito sem ter voz; sem ter olhos vejo;
Com mãos nada abarco; sem pernas ando;
Morto em vida estou e em morte vou vivendo!