Represa
Edir Pina de Barros

Eu sou um rio que virou represa
de turvas águas presas por pedreiras,
as flores não vicejam mais nas beiras,
que não têm mais encanto, luz, beleza;

as minhas águas guardam gris tristeza,

embora eu não deseje e tu não queiras,
ficaram insalubres, traiçoeiras,

reservatório impuro de incerteza;

não tenho corredeiras, nem cascatas,
nem fluo mais alegre pelas matas,
as minhas águas são demais escuras;

tornei-me assim, represa de águas turvas,

sem belas praias, sem recantos, curvas,
nem mesmo tu que eu amo me procuras.
 
Cuiabá, 14 de Setembro de 2009.

 

Livro: Poesia das Águas, pg. 104
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 14/09/2009
Reeditado em 18/07/2020
Código do texto: T1810104
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