Água Escarlate
Água escarlate que pelos cantos escorre
E segue seu rumo dos bueiros ao mar
Da chuva e do sangue, nasce e morre
E da imensidão há (um dia) de se fartar
Água escarlate nascida da dor
Esvazia meus pulsos a caminho do fim
Que esse corte, sem pressa, remorso ou furor
Tinja essas ruas de leve carmim
Enquanto meu corpo caído e quebrado
Já rígido e branco
Vai soltando as amarras que me faz prisioneira
Desprende minha alma desse cadeado
De um amor brando
E que foi fardo de uma vida inteira!