AS POMBAS

Logo ao raiar da adolescência, a pomba,

voa o caminho incerto do destino.

Condu-la, anjo de Deus, leva-a, divino,

salva-a do temporal e da hecatomba.

Consta que as pombas caem à ventania,

consta que o caçador mata-as, dizima.

Leva-as contigo, minha pobre rima,

livra-as meu estro, da selvajaria.

Voando na força adolescente, suba,

como os sonhos do moço ao infinito,

num rugir de leão que eriça a juba.

Mas, à tardinha, ao seu pombal, tornada,

cumpra o destino que lhe foi predito

a pomba que voou na madrugada.

Em 14-08-91

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