Quimera
Edir Pina de Barros
Escuta, nesse vale tão formoso,
a brisa que, roçando nos palmares,
vai derrubar as flores dos pomares,
do mangueiral, antigo e tão frondoso;
escuta esse murmúrio langoroso,
disperso aos quatro ventos dos penares,
que deixam mil suspiros pelos ares,
e ecoam nesse rio caudaloso.
A brisa que, tangendo a relva fina,
soluça a imensa dor, a triste sina,
de ser fugaz, etérea, passageira.
A vida é leve brisa, uma quimera,
que passa como passa a primavera,
por mais que se lamente e não se queira.
Cuiabá, 6 de Setembro de 2009.
Poesia das Águas, 96