Quimera
Edir Pina de Barros

Escuta, nesse vale tão formoso,
a brisa que, roçando nos palmares,
vai derrubar as flores dos pomares,
do mangueiral, antigo e tão frondoso;

escuta esse murmúrio langoroso, 
disperso aos quatro ventos dos penares,
que deixam mil suspiros pelos ares,
e ecoam nesse rio caudaloso.

A brisa que, tangendo a relva fina,
soluça a imensa dor, a triste sina,
de ser fugaz, etérea, passageira.

A vida é leve brisa, uma quimera,
que passa como passa a primavera,
por mais que se lamente e não se queira.
 
Cuiabá, 6 de Setembro de 2009.


 Poesia das Águas, 96
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/09/2009
Reeditado em 18/07/2020
Código do texto: T1795336
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