GRITO
Ei! Homem! Sonhei, não sei se o diga:
Sonhei, que perto dos seus braços vos gozava.
Oh se fosse verdade, o que sonhava!
Mas não conceda Amor, que eu tal consiga.
No meu andar com cuidado, e dá fadiga,
Nos sonhos Amor representava
No circo da noite, que separava
No ser dos sentidos, doce liga.
Acordei homem, feito vela
Toda a cama, pus-me uma aranha,
Enxerga-me sem vós, e em tal magrela
E fala, porque o fato me envergonha,
Trabalho tem, quem ama, e se desvela
Mais quem dorme, e em falso sonha.