A JOÃO DA CRUZ E SOUZA

100 anos de Cruz e Souza

No tempo escravo, nem mesmo negro instruído,

furtou-se às ações e palavras abjetas.

Tendo, embora, exímio manejo das letras,

dessa arte formidanda, só louvor fingido.

É tamanho o asco por quem lhes traça as metas

de força e trabalho; de braço desabrido,

vindo do afro continente desvalido,

que no tronco exibem suas peças prediletas.

Dessa negra falange, porém – ímpar – ousa

Vir o credor do simbolismo – Cruz e Souza –

De desencarne há cem anos – Poeta da Dor.

E tanto honrou sua raça e honrou algozes

que sua lira verte inda hoje vivas vozes

quanto devotam ódios à sua cor.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 04/09/2009
Código do texto: T1791761
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.