A JOÃO DA CRUZ E SOUZA
100 anos de Cruz e Souza
No tempo escravo, nem mesmo negro instruído,
furtou-se às ações e palavras abjetas.
Tendo, embora, exímio manejo das letras,
dessa arte formidanda, só louvor fingido.
É tamanho o asco por quem lhes traça as metas
de força e trabalho; de braço desabrido,
vindo do afro continente desvalido,
que no tronco exibem suas peças prediletas.
Dessa negra falange, porém – ímpar – ousa
Vir o credor do simbolismo – Cruz e Souza –
De desencarne há cem anos – Poeta da Dor.
E tanto honrou sua raça e honrou algozes
que sua lira verte inda hoje vivas vozes
quanto devotam ódios à sua cor.