POETA DO HEDIONDO
Homenagem póstuma
Literatura degustada – bem profunda –
não transluz ela do lirismo o fanal,
só fenomênica catástrofe abismal
e um mar de sanies que a matéria inunda.
Da geena no placentário universal
às larvas da carne podre da tumba;
da inatividade das coisas moribundas
ao homem-verme, tépido e venial.
Em túmidos versos lavrados de desgraça
o Poeta do Hediondo seu estro esgarça
no egocentrismo do seu “EU” embasado.
Ferina – Augusto dos Anjos – na essência,
faz imortal sua obra quase demência,
trilhando atro caminho de estrume alagado.