POETA DO HEDIONDO

Homenagem póstuma

Literatura degustada – bem profunda –

não transluz ela do lirismo o fanal,

só fenomênica catástrofe abismal

e um mar de sanies que a matéria inunda.

Da geena no placentário universal

às larvas da carne podre da tumba;

da inatividade das coisas moribundas

ao homem-verme, tépido e venial.

Em túmidos versos lavrados de desgraça

o Poeta do Hediondo seu estro esgarça

no egocentrismo do seu “EU” embasado.

Ferina – Augusto dos Anjos – na essência,

faz imortal sua obra quase demência,

trilhando atro caminho de estrume alagado.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 04/09/2009
Reeditado em 16/10/2009
Código do texto: T1791734
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.