Dama da noite (I)
Tão jovenzinha, mas na noite rola,
a oferecer aos homens seu encanto,
de longe a espreito e sempre, sim, me espanto,
e nada me conforma ou me consola;
o corpo troca por qualquer esmola
e, do pudor, esgarça o frágil manto,
bem mais menina que mulher, no entanto,
na movediça areia já se atola;
a sua triste sorte me amofina,
e ao vê-la assim nos braços de um cliente
eu sinto um mal-estar demais profundo.
Dama da noite, triste flor-menina,
outrora tão feliz, demais contente,
agora assim drogada e nesse mundo.
Cuiabá (MT), 4 de Setembro de 2009.
Livro: Cantos de Resistência, pg. 59
Tão jovenzinha, mas na noite rola,
a oferecer aos homens seu encanto,
de longe a espreito e sempre, sim, me espanto,
e nada me conforma ou me consola;
o corpo troca por qualquer esmola
e, do pudor, esgarça o frágil manto,
bem mais menina que mulher, no entanto,
na movediça areia já se atola;
a sua triste sorte me amofina,
e ao vê-la assim nos braços de um cliente
eu sinto um mal-estar demais profundo.
Dama da noite, triste flor-menina,
outrora tão feliz, demais contente,
agora assim drogada e nesse mundo.
Cuiabá (MT), 4 de Setembro de 2009.
Livro: Cantos de Resistência, pg. 59