O Devoto Maldito

Colo o teu retrato na parede fria,

Acendo uma vela – como num altar –

E passo, com fé, a noite e o dia

Orando e chorando ante o teu olhar;

Te vejo tão santa – qual Virgem Maria,

Com ruivos anjinhos a lhe rodear.

Minh’alma te louva, te reverencia.

E eu, mesmo indigno, me alegro ao entrar

Nos teus santos átrios e dar-te oblação,

Pedir-te, contrito, em minha oração

Que a mim tu concedas um pouco de graça.

Porém, como nunca atendes meu rogo,

Eu banho o altar com vodka e cachaça

E com a chama da vela te ateio fogo.