Minha mágoa
A minha mágoa - nada mais que mágoa-,
vive comigo e só a mim diz algo,
domino a própria dor, nela cavalgo,
pois sou senhora dessa angústia, frágua;
Suas escarpas só eu mesma galgo,
pois é somente em mim que ela deságua,
e a sorvo devagar, aos poucos trago-a
de um modo que aprecio, que é fidalgo.
Permitam-me vivê-la, como devo,
pois sufocá-la nem sequer me atrevo,
porque nasceu em mim, comigo mora;
eu beijarei a dor que me devora,
até não mais sentir a sua espora,
e se transmute em paz, em doce enlevo.
Cuiabá, 2 de Setembro de 2009.
Seivas d’alma, p. 51
Sonetos selecionados, pg. 43