Minha mágoa


A minha mágoa -  nada mais que mágoa-,
vive comigo e só a mim diz algo,
domino a própria dor, nela cavalgo,
pois sou senhora dessa angústia, frágua;

Suas escarpas só eu mesma galgo,
pois é somente em mim que ela deságua,
e a sorvo devagar, aos poucos trago-a
de um modo que aprecio, que é fidalgo.

Permitam-me vivê-la, como devo,
pois sufocá-la nem sequer me atrevo,
porque nasceu em mim, comigo mora;

eu beijarei a dor que me devora,
até não mais sentir a sua espora,
e se transmute em paz, em doce enlevo.
 
Cuiabá, 2 de Setembro de 2009.

Seivas d’alma, p. 51
Sonetos selecionados, pg. 43
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 02/09/2009
Reeditado em 03/08/2020
Código do texto: T1788835
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.